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Marilu Capel - Psicologia

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"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses." (Sócrates)

  • Marilu Capel
  • 30 de abr. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 3 de nov. de 2020

Quer entender melhor? Vem comigo que te explico...



No momento em que uma epidemia mortal se abate sobre o planeta, tendo como uma de suas consequências a imposição do isolamento social, como meio de proteção e de sobrevivência, cooperar faz-se necessário. Essa cooperação não necessariamente há de passar pelo contato físico.


Nesse contexto, levanto aqui algumas observações fruto de reflexões que tenho feito em meio a essa crise. Em diversos países europeus, o isolamento é o que tem feito baixar consideravelmente o número de pessoas contaminadas. Portugal é um exemplo disso. O isolamento, no entanto, traz o grande desafio dessa experiência inusitada do distanciamento social.


As consequências dessa epidemia são enormes, não apenas nos resultados efetivos que ela traz ou pode trazer a cada um de nós : o contágio, a perda de um ente querido, as perdas materiais e econômicas envolvidas, assim como os medos suscitados por essas circunstâncias. Porém, em meio a tudo isso, há também um outro desafio que desponta no isolamento social. O desafio está em como lidamos com o ser mais importante de nossas vidas : nós mesmos. De repente, não tem como escapar desse encontro e nem da temida solidão.


Com tanta correria no dia a dia, excesso de compromissos, de acesso a diversos conteúdos e redes sociais, estar realmente só não é comum. No mais, é um processo que implica uma conscientização, uma atenção a si mesmo, uma autoorientação. Não se trata de um processo espontâneo. É necessário aceitar essa condição, aceitar-se em meio a tantos ruídos, tantos afazeres imprescindíveis ou criados apenas para abafar nós mesmos, nossa voz.


Alguns podem até pensar: mas não estou só, estou com minha família.


Não falo de solitude, estar desacompanhado, mas de realmente estar consigo mesmo, sem recorrer a fugas ou distrações infrutíferas .


Parece existir uma resistência a parar e olhar para dentro de si mesmo.


Claro que se pode estar só e não se sentir só e estar rodeado de pessoas e se sentir abandonado.


Há uma diferença essencial entre estar só fisicamente e sentir solidão.


Solidão é um estado de espírito, emocional, em que o indivíduo experimenta um vazio interior.


Isso mesmo, interior. E se é interno, de dentro para fora, não adianta ser popular, ter família grande ou muita ocupação.


Nesse sentido, podemos refletir sobre a famosa frase de Sócrates... é preciso conhecer-se, preencher- se de si próprio, aquietar-se, auto observar-se. Examine seus pensamentos. O que a sua voz interior tem lhe falado?


Colocar nosso bem estar no externo, em coisas materiais ou pessoas, será sempre uma falácia. Logo haverá algo novo a adquirir fora das minhas possibilidades. As pessoas não costumam estar a nossa disposição ou agir conforme esperamos. Resultado: tristeza, decepção, frustração, raiva.


Imagine uma pessoa com uma família maravilhosa, companheiro(a), filhos, mas que não se sente confortável em sua casa. Teme as férias, os feriados e até mesmo os domingos. Mas por quê?


Em casa, espera que os filhos lhe façam mais companhia e que o companheiro (a) lhe dê a atenção desejada. Recebe a companhia e a atenção, mas não de acordo com suas expectativas. Portanto, nesses momentos em que é convidada a parar, simplesmente não sabe o que fazer. Estar consigo é difícil, pois encara seus fantasmas, seus medos e preocupações. Quer fugir, com alguma companhia ou evento que lhe distraia da realidade. Mas tudo é passageiro. Logo estará ali de novo, com quem mais teme: seu mundo mental.


Quando sentimos solidão, estamos fugindo de nós mesmos.


Somos seres relacionais, porém, como disse Fernando Pessoa “Se te é impossível viver só, nasceste escravo".


E até para aqueles que gostam de se perder navegando em outras vidas virtuais ou se embebedando de tantos fakes ou memes, chega o momento de saturação, overdose, exaustão em que é preciso desconectar e se auto orientar.


O que fazer? O quanto estamos nos suportando e sendo uma boa companhia para nós mesmos?


Autoconhecimento é a chave. O que eu gosto ? O que me faz verdadeiramente bem ? Quais minhas habilidades e interesses?


Vale voltar ao passado, à criança ou adolescente que fui e lembrar do que me alegrava, quais músicas ou filmes eu gostava, o que me despertava curiosidade em aprender, lugares que desejava ir?


É preciso desacelerar, rever atitudes, desapegar, mudar hábitos... estar VERDADEIRAMENTE PRESENTE - fisicamente ou virtualmente - na vida das pessoas e na sua própria vida. Reflexão, auto cuidado e acima de tudo, aprender a amar o próximo. Essa é nossa grande missão na Terra. E não esqueçamos que não existe amor ao próximo sem auto amor.


O isolamento no qual muitos encontram-se nesse momento, embora possa parecer ou até mesmo seja algo difícil de ser vivido, pode ser também uma grande oportunidade para essa (re) descoberta de nós mesmos, uma oportunidade para nos encontrarmos.


O abraço libera substâncias responsáveis por gerar o bem estar, como a ocitocina. O fantástico é que nosso cérebro não sabe diferenciar de quem é o toque. Não podemos abraçar? Abrace a si mesmo, acaricie-se. Busque o auto amor, o auto perdão.


Qual o verdadeiro sentido da vida? Bens materiais ou os valores morais ?


Encontrar o propósito da existência pode não ser fácil , mas também não precisa ser nada grandioso ou mirabolante.


Estabelecer metas simples e alcançáveis. Permitir-se aprender algo novo, experimentar e se deliciar com coisas simples. De repente nos vemos cheios de ideias, interesses e avisto o tal objetivo de viver. Dê o primeiro passo, caminhe em direção a você. Não tem ideia de como começar? Peça ajuda a um profissional. A psicoterapia nos propicia grandes descobertas.


Não cuidando de nossa saúde mental, nossas relações ficam comprometidas.


É hora de promovermos sentimentos de conexão com nós e com nossos pares.


O mundo agora precisa se unir. Vamos desenvolver o sentimento de pertencimento a toda comunidade humana, diminuindo assim os conflitos e o vazio interior.


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